sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Sobre o vídeo do garotinho “destruindo” a sala de aula...



Se você reparar bem, tudo indica ser aquela uma "sala de recursos", aquela criança ali provavelmente tem algum tipo de transtorno, ou seja, as pessoas que estavam ali filmando, condenando e que, tão prazerosamente, divulgaram o vídeo, deveriam ser os "profissionais especializados", tendo como função incluir, preservar e amparar aquele pequeno. É muito triste ler os absurdos que se seguem após o compartilhamento do tal vídeo! Os "adultos responsáveis" que aparecem ali são pessoas totalmente despreparadas, que não deveriam estar lidando com crianças especiais... não deveriam lidar com crianças nenhuma!

 Mesmo não se tratando de uma criança especial, quem como pai e mãe, poderia julgar e condenar uma criança daquele tamanho? Ninguém tentou acalma-lo, ninguém tentou ajuda-lo... Antes de condenar uma criança devemos nos perguntar que sociedade é essa, que ao invés de ajudar, prefere filmar e soltar na rede? Para ter o quê, "curtidas"? Para demonstrar que “assim caminha a humanidade"?

Aquela criança foi exposta, humilhada, marginalizada, tudo isso estando dentro de um ambiente que era para ser seguro e humano! Coloque-se por um segundo no lugar do próximo. Que pais estão 100% livres de seu filho agir como criança de vez em quando? Mesmo os mais presentes, que seguem tudo o que postam no facebook, mesmo esses, têm de lidar com crianças sendo crianças ao menos uma vez na vida! Como você se sentiria se o profissional que cuida de seu filho tivesse filmado e publicasse aquela mordida que ele deu no amiguinho? Sim, aquela que você prontamente respondeu com "É coisa de criança!"; A vez que ele não segurou o xixi e fez na roupa? Ou filmasse ele contando sobre as discussões que você tem com seu conjugue na presença dele? Me impressiona não ver ninguém questionando a conduta daqueles adultos formados... apenas apedrejando os pais do garoto (que nem estavam ali presentes) e condenando a maior das vítimas naquilo tudo...

A alguns anos, na escola ainda, li sobre uma tribo onde os bebes, assim que nasciam, eram separados das mães e levados para uma oca comunitária. A mãe era assistida pelas mulheres mais velhas, enquanto isso o bebe era cuidado e amamentado pelas outras mulheres. Lembro de como fiquei chocada com aquele artigo. Lembro de ter pensado quão arcaico e absurdo era esse comportamento...

Más recordando hoje lembro de algumas informações contidas ali, as quais não me marcaram tanto na época; A TRIBO cuidava daquela criança. Todos ali estavam envolvidos, e eram responsáveis, pela formação de caráter, segurança e educação daquele pequeno ser. Ele não era “o filho do João com a Maria”, ele era um MEMBRO daquela comunidade.

O futuro daquela tribo dependia de como aquelas crianças estariam sendo cuidadas. Aquela mãe não “abandonava o próprio filho”, ela o compartilhava. E compartilhava seus cuidados e seu leite com as outras crianças ali, se tornando assim um pouco mãe de todos eles.

Comparando as memorias daquele velho artigo em um livro escolar com as postagens que vejo hoje sobre o menino na sala de aula, me questiono qual cultura é a arcaica, a boçal, a que choca mais?

Mais do que nunca, invejei a sorte daquelas crianças de nascerem naquela tribo... naquela comunidade... naquele mundo.

2 comentários:

  1. Line perfeito!..não escrevi minha opinião a respeito do assunto mas li muitas..de todos os tipos..senti raiva, pena, alívio, e esperança durante essas várias leituras..absurdas, tristes, caóticas, amorosas, compreensivas, benevolentes.
    Como é fácil julgar...difícil mesmo é estender a mão. O mundo precisa de amor. Mais amor por favor.

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