sábado, 14 de novembro de 2015

A tragédia do vizinho é sempre mais triste...


 
Acordei hoje com a notícia de uma série de atentados terroristas ocorridos ontem, 13/11/2015, na França, no qual, segundo minha última atualização, haviam deixados 128 mortos e cerca de 60 feridos. Uma notícia realmente triste e preocupante, que merecem todas nossas orações, más...

Não demorou muito e logo minha time line do Facebook estava lotado de fotos de perfil cobertas com as belas cores da bandeira francesa, ato esse que pode ser considerado o máximo de comprometimento da geração atual com uma causa. Eu só pensei “Por que ninguém fez isso por Mariana?”

No dia 05 de novembro duas barragens se romperam entre os distritos de Mariana e Ouro Preto, gerando uma onda de lama que devastou distritos próximos. O número de desabrigados que foram encaminhados para hotéis chega a 632 pessoas. Até a quinta (12), 8 mortes haviam sido confirmadas e 19 pessoas estavam desaparecidas. Más o número de pessoas afetadas é bem maior.

Uma das prováveis causas do desastre de Mariana é o descaso que ocorre em nosso país com as estruturas de empresas particulares, e estatais também, com as normas de segurança. Não havia sequer uma sirene que avisasse os moradores a tempo de se retirarem do local. Já presenciamos a tragédia na boate Kiss que matou 242 pessoas e feriu 680, gerada pelo mesmo descaso.

O descaso que em nosso país mata muito mais que o EI.

Você sabia que o número de mulheres assassinadas a cada mês no Brasil saltou de 113 para 372 em 30 anos? Um levantamento mostra que 13 mulheres são assassinadas por dia, em média, no país - uma a cada duas horas -  e que as mais desprotegidas são as mais pobres e as negras. Em 2013, foram 4.762 mulheres assassinadas!

O descaso com a saúde pública que tornou coisa cotidiana, infelizmente, vermos notícias sobre mortes de pacientes a espera de tratamento! Jogue na chave de busca “morte a espera de vaga” no Google e se espante com os resultados obtidos.

Descaso com a segurança pública! Os homicídios representam quase metade das causas de morte entre jovens de 16 e 17 anos. Em 2013, foram 3.749, de um total de 8.153. A projeção é que 3.816 jovens sejam mortos neste ano!

A tragédia de Paris deve sim ser respeitada, más devemos também nos condoer, nos revoltarmos, nos chocarmos, pelos atendados nossos de cada dia. Atentados esses não causados por um grupo terrorista, más pelo descaso de um Estado pela sua nação.

Antes de colocarmos a bandeira da França em nossos perfis, temos de colocar a do nosso país em nossos corações!

·         A bandeira que ilustra esse texto é a de Mariana- MG

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O Medo e eu



Sempre li sobres pessoas que escrevem mais, e melhor, quando estão tristes. Acho que me enquadro nesse grupo de escritores. Tenho começado uma quantidade absurda de textos e não consigo finaliza-los. Isso é frustrante!

A tristeza que estava em mim se foi e, ao contrário do que imaginei, a alegria não voltou. Sinto como se tivesse um vazio, um vão, dentro de mim... não é o vulcão, más também não é a tarde ensolarada ... algo espreitando, me observando...

Acho que é medo.

Ele esteve presente na minha vida desde que me lembro. Coisas bobas, como um pesadelo que tive por volta dos 5 anos que ainda está nitido em minha memória (como é possível isso?). Lembro também de pesadelos recorrentes envolvendo um acidente de carro e um rio (esses me assustam até hoje!). Lembro de ter medo da guerra fria, de bombas, medo de Deus, medo do ano 2000, medo do acelerador de partículas, medo de 2012, medo de cometas, medo do Ebola, medo da 3ª guerra mundial, medo de ter câncer, medo de envelhecer sozinha, de morcegos (por causa da raiva), de avião (nunca pisei em um), medo, medo, medo ...

O Engraçado é que listando meus medos eles parecem tão sem fundamentos e ridículos! Como eu posso ter medo dessas coisas?

Como posso temer coisas tão aleatórias, tão fora do meu controle, tão estupidas? Não é lindo ver que passei por muitos desses medos intacta, “Vivinha da Silva”?

E meu modo de agradecer ao “Grande Criador” é me aprisionando em mais medos... Como isso é possível? Como posso transformar bênçãos como amor e filhos em “chaves de cadeia”? Todos esses medos são duplicados e projetados em meu medo de que eles passem por algo... Medo só gera mais medos.

O que tenho que alimenta tanto esse sentimento tão castrador?

Eu abomino o medo. Ele é o único sentimento que te paralisa, que te faz permanecer no lugar. Para mim não há nada pior que a estagnação!

Como posso demonstrar minha gratidão em abrir meus olhos todas as manhãs (+ ou – 12.485 vezes já), me mantendo exatamente no mesmo lugar? Não acho que esse seja o plano “Dele” para mim... não acho que esse seja o plano “Dele” para ninguém! Temos que sempre desejar algo a mais, maior, melhor, e não digo financeiramente. Como podemos almejar alcançar os céus com raízes fincadas na terra por medo de voar?

Se meu coração deseja criar asas minha mente não deveria estar preparada para acompanhar?

Acho que é por culpa dele que meus textos permanecem inacabados...

domingo, 1 de novembro de 2015

Ninguém gosta de pessoas que estão tristes.


 
Vocês já repararam com as pessoas não suportam a tristeza? Não falo no “ficar triste”, más em ser informada de que a outra pessoa está triste!

Quantas vezes ouvimos a pergunta “Como você está? ” com a certeza absoluta de que a resposta esperada é “Bem, obrigada!”... Daí você arrisca um “e você?”, más também esperando ouvir apenas o eco da resposta já dada...

Ninguém gosta de pessoas que estão tristes.

Acho que temos medo de ter alguma responsabilidade nisso. No porquê de a pessoa “estar” triste, ou no “que fazer para a pessoa deixar de estar triste”... O som de um “tudo bem” faz com que a vida continue exatamente como está. Isso é uma segurança.

Por isso redes sociais fazem tanto sucesso! Ali temos um local no qual é permanentemente proibido demonstrar tristeza. Ousem profanar aquele solo sagrando com sentimentos reais e sofrerão as consequências! Sendo a menor delas uma enxurrada de “não fique assim! ”, “para com isso! ”, “deixa disso! ”, “blá blá blá”... Você pode ter “amigos” ali, ter “romances” ali, más ter algum sentimento que não se encaixe no quesito alegria pura, isso nem pensar! Até sexo virtual é melhor aceito! Internet não é lugar para ser triste! Se “quer” estar triste vai lá para aquele cantinho escuro, aquele sozinho com um banquinho e uma plaquinha de “off-line”!  

Hoje assisti a uma animação em que os personagens não desgrudavam os olhos da tela do celular. Acontecia um monte de catástrofes ao redor e eles ali, vidrados, felizes, em seu pequeno mundinho. Logico que eu estava vendo isso no meu celular. Achei graça e me fez lembrar que haviam coisas que dependiam de mim fora dali também (filhos, casa, encomendas). Fiquei “meditando” por alguns segundos no que prendia tanto as pessoas aquilo. O que elas viam ali, ou procuravam ver, que era capaz de tamanha absorção? Desliguei meu celular então me vi.

Eu estava ali, refletida naquela telinha! É isso que procuramos quando estamos on-line, procuramos nossos reflexos. Más não o real, aquele do espelho, procuramos um idealizado, perfeito. Por isso a tristeza não cabe ali. Ninguém gosta de se ver triste! Ninguém quer se ver infeliz no trabalho ou num relacionamento! Queremos, não, precisamos estar lindos, felizes e bem-sucedidos para que assim as nossas vidas tenham algum sentido!

Por isso ali só é permitido gente feliz, casais em amor eterno, trabalhos edificantes e filhos saudáveis e sorridentes! É isso que queremos ver refletidos em nós 24 horas por dia! Temos em uma rede social o mais perfeito espelho de Narciso! Más será que realmente devemos almejar dias de júbilos e contentamentos sem fim? Será que um dia de tristeza (2 ou 3) é tão errado assim? Até a Pixar® já nos ensinou que não.

Acho que esse repudio a tristeza começa a nos ser ensinado desde muito cedo. Quando uma criança chora, um choro que para um adulto é totalmente sem motivo, logo escuta um “engole esse choro! ”, “vai chorar lá no seu quarto! ” ou “pare de chorar sem motivo! ”.  Temos aí duas lições de vida importantes. A primeira é de como a sociedade vai lidar com nossas tristezas (vão nos nega-la ou não querer vê-la), e a segunda é que existe, em algum lugar, uma “tabela” do porquê você pode ou não ser triste (é, porque crianças simplesmente têm o dom de chorar sem estar triste né). É muito egoísmo da criança estar ali chorando por não ter ganho o brinquedo que viu. Faria muito mais sentindo ela estivesse chorando pelos famintos, pelos refugiados, pelos maus tratos a animais, pela situação política econômica atual do nosso país (motivo esse talvez o qual ela não pôde ganhar aquele brinquedo), do que ficar triste por um motivo tão banal! Quando adultos apenas repetimos as lições aprendidas: Como você, uma pessoa saudável, casada (ou solteira), mãe de filhos (ou sem essa preocupação), com trabalho (ou sendo dona de casa), tendo casa, carro etc., como você ousa estar triste? Por acaso você não sabe que tem “coisas bem piores” por aí? (Independente do motivo pelo qual você estiver triste sempre haverá algo de pior). Eu só gostaria de saber quem criou essa tabela... (e como faço para adquirir uma. Já tenho 34 anos e nada de receber uma cópia ou um link para download!)

Hoje tratamos a tristeza como doença. Depressão é doença, a tristeza não! E nenhuma das duas são contagiosas! Se uma pessoa tiver a coragem de se desabafar com você, pode ficar tranquila e estar certa de que isso não fara de você uma pessoa triste também! A não ser que você tenha alguma parcela de culpa na tristeza dela, más isso te deixaria mais para o remorso do que para a tristeza.